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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Nozes e amêndoas ajudam a diminuir gordura abdominal


Frutas oleaginosas, como nozes, avelãs e amêndoas, ajudam a controlar a síndrome metabólica --associação de fatores de risco para doenças cardiovasculares relacionados à gordura abdominal e à resistência à insulina --com mais eficiência do que uma dieta de baixo teor de gordura e do que o azeite de oliva. Foi o que constatou um estudo espanhol publicado no "Archives of Internal Medicine", realizado com 1.224 participantes -61,4% tinham três ou mais fatores da síndrome. 

Durante um ano, os voluntários consumiram uma dieta mediterrânea suplementada com 30 g diárias de oleaginosas, a mesma dieta adicionada de um litro semanal de azeite ou uma dieta pobre em gorduras vegetais e animais, todas sem restrição calórica. 

Entre os que usaram as frutas, a redução na prevalência dos fatores da síndrome metabólica foi de 13,7% --contra 6,7% de redução entre os que consumiram azeite e de somente 2% entre os que mantiveram dieta pobre em gordura. "Esse artigo gera uma hipótese interessante, mostra que reduzir gorduras pode não ser a melhor estratégia nesse caso", diz o endocrinologista Walmir Coutinho, da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia). 

Uma das hipóteses para o baixo desempenho da dieta pobre em gordura é a compensação em carboidratos, que, em excesso, aumentam o nível de triglicérides, um dos fatores da síndrome metabólica. "A diminuição da gordura abdominal no grupo que consumiu as nozes é plausível, pois estão associadas ao aumento da saciedade e menor adiposidade. O efeito antiinflamatório dessa dieta pode estar ligado à redistribuição de gordura. Quando se substituem carboidratos de alto teor glicêmico pelas gorduras insaturadas do azeite e das nozes, os níveis de triglicérides caem e os de HDL sobem", disse à Folha Jordi Salas, professor de nutrição da Universidade de Rovira e Virgili (Espanha) e líder da pesquisa. 


Azeite 

Já o melhor resultado das frutas secas sobre o azeite pode ser explicado por inúmeros fatores. "As nozes poderiam ter efeito na síndrome metabólica por múltiplos mecanismos: são ricas em substâncias com propriedades antiinflamatórias (magnésio, fibra, arginina) e antioxidantes, que trariam efeitos benéficos", disse Salas. 

A presença de triptofano nesses alimentos também pode ajudar. As nozes são ricas nesse substrato usado para fabricar serotonina, que ajuda na sensação de saciedade. O consumo das frutas, então, ajudaria na menor ingestão de outros alimentos. "Uma vantagem das oleaginosas é a riqueza em gordura monoinsaturada. Essas frutas têm bastante fibra, que diminui absorção de colesterol", acrescenta o cardiologista Heno Lopes, coordenador do Ambulatório de Síndrome Metabólica do InCor (Instituto do Coração) de São Paulo. 

Para tirar proveito dos efeitos benéficos do azeite, a endocrinologista Cláudia Cozer aconselha o consumo de duas colheres de chá por refeição. "Se a dieta mediterrânea for seguida à risca, é possível usar à vontade nas principais refeições", acrescenta. 

Dieta mediterrânea 

Apesar dos diversos estudos que apontam a dieta mediterrânea --rica em vegetais, cereais integrais e gorduras insaturadas e pobre em laticínios, carne vermelha e doces-- como protetora do sistema cardiovascular, para a realidade do brasileiro ela não basta, argumenta Heno Lopes. "Para a síndrome metabólica, que virou até um modismo, o estresse contribui bastante, não basta comer bem. É o estilo de vida, é esse conjunto que é mais importante". 

A atividade física é parte essencial nesse tipo de dieta e está na base da pirâmide alimentar.
Outro problema é misturar dietas, alega Cláudia Cozer. "Alguns alimentos da dieta mediterrânea são calóricos e podem engordar se consumidos em outras dietas." Quando se segue a dieta mediterrânea, é possível consumir até três porções de frutas oleaginosas (o equivalente a uma xícara e meia de chá por dia). Em uma dieta convencional, a indicação é de meia xícara diária. 



Fonte: Folha Online 




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